A egrégora é uma entidade criada por uma assembleia, pelo coletivo de pessoas, quando todos ali presentes possuem o mesmo objetivo. Assim, a energia se agrupa e se arranja em uma egrégora. Ela pode existir em coletividades mais simples, desde uma simples associação de pessoas, como em casos mais complexos. Qualquer agrupamento humano possui sua egrégora específica. Essa egrégora, apesar de presente no mundo invisível, participa ativamente do mundo visível.
Para exemplificar um pouco mais, o exemplo clássico da egrégora é de que ela estaria presente em um hospital. No hospital, o objetivo daqueles que estão ali é o de curar as pessoas (mesmo que não consigam a cura), logo a egrégora ali presente estará sempre buscando a cura. Muitas mentes voltadas para este objetivo, que criam esta egrégora.
A egrégora se forma através dos pensamentos. Assim, o pensamento fraco, cria uma egrégora mal formada e de curta duração. Os pensamentos fortes, com consciência, formam egrégoras poderosas e de longa duração que influenciam ativamente em nosso mundo. É este pensamento coletivo que a alimenta. Assim, pode haver egrégoras negativas, gerada por ódio, violência, etc. (por exemplo, em uma prisão, onde até o clima é pesado).
O conceito de egrégora não é novo. Historicamente, desde a época de Jesus Cristo, que ele existe. Na Bíblia, em Mateus 18:20, Jesus disse: “Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, ali eu estarei”. Percebam que Jesus falou em nome da coletividade, pois uma única pessoa não pode criar uma egrégora. Logo, quando se reunirem duas ou mais pessoas, no nome de Jesus, ali ele estaria presente, em forma da entidade egrégora.
Na Ordem DeMolay não é diferente. Nossa reunião é baseada em um ritual, onde nós temos que seguir este ritual fielmente. Quando estamos executando o ritual, nosso pensamento está voltado para ele. Assim, ali, dentro da Sala Capitular, se forma uma egrégora, pois nós estamos buscando nosso aperfeiçoamento humano (como o ritual diz, para que possamos ser dignos dos elogios de todos os homens de bem) na forma de nossas virtudes.
Assim, nosso objetivo comum é perseguir as virtudes, para que nos tornemos melhores pessoas. Essa energia, de ensinamento, de evolução, pode ser melhor recepcionada por nós. Existem formas claras onde nós recepcionamos a egrégora da Ordem, que as vezes é desconhecida por alguns irmãos e referida apenas como energia: através das velas, quando estamos sentados na forma ritualística e através das capas dos oficiais, na cor preta. De fato, para a ciência, a cor negra é aquela que absorve todos os raios luminosos e não reflete nenhum, e por isso esta cor aparece desprovida de clareza. Assim, o preto de nossas capas estariam receptivos a receber a egrégora da nossa Ordem.
Para que não haja interferência negativa na egrégora, temos algumas condutas que são proibidas, como cruzar as pernas sem a reunião estar em recesso. Alguns também dizem que a proibição de cruzar entre o altar e o oriente (exceto quando o ritual manda) se dá por causa disso.
A nossa egrégora nasce quando acendemos as sete velas do nosso altar, pronunciando a virtude que cada uma representa, pois é nesse momento em que dirigimos nosso pensamento para o início, de fato, da reunião. E termina quando estas velas são apagadas, simbolizando que a reunião acabou. Assim, as velas estão intimamente ligadas com a nossa egrégora. No seu acender, estamos simbolizando a criação da egrégora, no seu apagar, sua extinção.
As velas servem como receptores da egrégora. Elas concentram nossa consciência e vontade em suas chamas, chamas que representam nossa alma. As vezes acontece de, com velas idênticas, uma queimar mais do que as demais. Alguns irmãos tentam explicar que é a força da egrégora agindo sobre aquela virtude em nossa alma, que é representada pela chama.
Já presenciei alguns irmãos se questionarem por que algumas velas queimam mais do que as outras, sendo que todas as sete são idênticas. A resposta está bastante clara. A chama da vela representa a nossa alma, e a vela tem a capacidade de absorver a energia da egrégora da reunião. Quando a reunião vai bem, mais harmoniosa do que o normal, a vela do companheirismo pode queimar mais ligeiro do que as outras, significando nosso crescimento. Mas, como também existem egrégoras negativas, também pode acontecer o inverso: brigas ou desunião dos irmãos que pode fazer a vela do companheirismo queimar menos do que as outras.
Não podemos acender as velas com isqueiros ou fósforos, pois eles contêm impurezas. As velas devem ser acesas por outra vela. De igual modo, elas não devem ser apagadas pelo sopro, pois no hálito há impurezas e, principalmente, por que foi com o sopro que o nosso Pai Celestial nos deu a vida, então, o sopro é vida e não destruição. A vela deve ser apagada por um abafador, tirando-lhe o oxigênio, de modo que a egrégora se faça extinta por sí só, e não destruída pelo sopro ou contaminada com suas impurezas.
Quando apagamos a vela, estamos, simbolicamente, selando o final da reunião e assim a extinção da egrégora. A sua chama, então, é desfeita e nos lembra de que tudo o que passou na reunião também deve permanecer ali, juntamente com a extinção da chama.
Isso nos lembra da disposição de nossas velas no altar que formam o símbolo da lua em quarto crescente. Este símbolo, para nós, representa o oculto, que serve para nos relembrar a obrigação de nunca revelar os segredos de nossa Ordem ou trair a confidência de um amigo, reforçando a ideia de segredo de nossas reuniões.
João Felipe
Escrivão do Capítulo Buerarema, nº 64.
João Felipe
Escrivão do Capítulo Buerarema, nº 64.
Como vamos acender a primeira então, sem isqueiro e fósforo?!
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